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ACESSE O RELATÓRIO COMIBAM 2023

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Unidade e colaboração | CILTA

Fazer discípulos de todas as etnias da terra é um objetivo comum entre organizações parceiras da COMIBAM. Mas fazer discípulos como, ensinar o quê, se essas pessoas não tiverem a Bíblia na língua que podem compreender? É aí que entram os tradutores da Bíblia e seu minucioso trabalho, que exige capacitação muito sólida. É esse o tema desta entrevista com Francisco Linares, diretor do CILTA – Curso Internacional de Linguística, Tradução e Alfabetização.  

Em que consiste o CILTA? Há algum pré-requisito para os interessados nesse curso?  

O CILTA é um treinamento para quem deseja trabalhar nas áreas de linguística descritiva, tradução e alfabetização, onde há necessidade de desenvolvimento linguístico. É um trabalho com idiomas minoritários ou menos conhecidos. O programa do curso prevê uma dedicação intensiva e, sim, é necessário que os candidatos tenham conhecimentos prévios de linguística.  

Em termos práticos, o que a pessoa faz a partir do que aprende no curso? 

Os alunos são preparados para trabalhar com povos ágrafos, ou seja, que não possuem um sistema de escrita em sua língua. Aprendem os fundamentos para adquirir uma nova língua e também para trabalhar com essa língua, organizando fonemas, criando as letras, a gramática. Parte do currículo é comum a todos, mas depois decidem em que área preferem se especializar. Podem ser a tradução em si ou a alfabetização, ou seja, ensinar as pessoas desse povo a ler e escrever em sua própria língua.  

Então o processo considera outros aspectos além de traduzir a Bíblia para um povo?  

Exatamente. O que se pretende é que determinado povo tenha a Bíblia em sua própria língua, mas há um longo processo até chegar a esse ponto. Será necessário preparar material de alfabetização, por exemplo, para que o povo consiga ler. Caso contrário, não faria muito sentido para ele a Bíblia escrita. Dedicamos atenção também à vida espiritual do estudante e os preparamos para atuar em equipe, inclusive com pessoas de outros países. É essencial incorporar conhecimentos de antropologia e cultura para garantir que exista uma boa convivência com o povo e que os interesses de todos sejam entendidos e respeitados.  

O curso é totalmente teórico? 

Sim. Os estudantes têm oportunidade de fazer exercícios práticos, mas o foco é oferecer a eles os fundamentos para o período prático que terão no futuro. A teoria, porém, é bastante fundamentada na prática. Os professores são altamente capacitados, com formação acadêmica profunda e com experiência de campo.  

As aulas são presenciais? Em que locais o curso é oferecido? 

As aulas são oferecidas na modalidade presencial em nossa unidade em Lima, Peru. O curso é patrocinado pela Universidade Ricardo Palma e pela SIL Internacional (Associação Internacional de Linguística). É o único que oferece essa formação ampla em linguística na América Latina, em língua espanhola. Há um curso similar em português, no Brasil.  

Os estudantes são direcionados a trabalhar com algum povo específico? Será sempre um campo pioneiro para iniciar um trabalho linguístico? 

Aos estudantes são oferecidas opções de povos com os quais podem trabalhar. Não será necessariamente um trabalho pioneiro, onde nada foi feito. Podem integrar-se a equipes com trabalho em andamento e que precisa de reforço. Apresentamos possibilidades e a decisão é da pessoa, a partir do direcionamento de Deus, orientação de seu pastor e outros fatores.  

A comunidade atendida participa de alguma forma do processo de tradução? 

Com certeza. Esse é um ponto de extrema importância. Temos como premissa que não simplesmente fazemos a tradução “para” o povo, mas “com” o povo. O missionário que estará entre eles não deve chegar como superior ou “dono da verdade”, porque não o é. Ele é um especialista em linguística, mas quem conhece com profundidade a língua e a cultura do povo é alguém dentre eles. E enquanto avançamos no processo, aproveitamos oportunidades para discipular as pessoas, em especial as que estão mais diretamente envolvidas, enquanto permanecemos atentos a outras necessidades econômicas e sociais da comunidade.  

Mas isso não seria um desvio de foco? A pessoa se especializa em linguística e teria que, por exemplo, atender uma demanda social? 

Temos sempre que levar em conta o contexto e, ao mesmo tempo, manter o foco. Poucas pessoas de fora falam a língua daquele povo e, portanto, o especialista em linguística vai intermediar várias questões. É inevitável, mas não precisa ser ele o que vai tomar providências. Assim, trabalhamos em colaboração com outras organizações para que atuemos em harmonia, cada um em sua especialidade. A tradução da Bíblia é uma tarefa integrada a uma ação missionária mais ampla e nossos estudantes são preparados para lidar com situações como essas.  

Para saber mais sobre o Curso Internacional de Linguística, Tradução e Alfabetização entre em contato pelo e-mail [email protected]