Rev. Tat Stewart
Os cristãos no Afeganistão enfrentam uma ameaça existencial por parte do Talibã. O Reverendo Tat Stewart lembra quando os cristãos iranianos também temiam ser eliminados, 40 anos atrás, e como eles têm demonstrado desde então que “as portas do inferno não podem prevalecer”. Ele compartilha como a história da Igreja iraniana pode nos dar esperança, em Deus, para nossos irmãos e irmãs no Afeganistão.
Enquanto o mundo testemunha os trágicos acontecimentos no Afeganistão, uma coisa é clara: eles terão repercussões nos próximos anos. Em meio a esta crise humanitária em curso, muitas questões surgem. Podemos até perguntar: “O que Deus está fazendo?”
Enfrentamos um enigma como Igreja de Jesus Cristo: assimilar estes eventos em toda a sua gravidade e também compreendê-los à luz da Palavra de Deus e de nossa compreensão de quem Ele é e do que está fazendo.
Ao ver as notícias, lembrei-me de eventos similares que aconteceram há 40 anos no Irã. Minha esposa Patty, nossos dois filhos e eu vivíamos no Irã durante a Revolução Islâmica. Eu era pastor da Igreja Comunitária de Teerã e trabalhava com jovens da Igreja Evangélica do Irã quando os reféns americanos foram tomados em 4 de novembro de 1979. Olhando para trás, pela lente da história, as lições aprendidas poderiam nos confortar e nos guiar enquanto lidamos com o que está acontecendo no Afeganistão?
Quando me sentava com líderes da igreja naquela época, havia um temor penetrante de que, com o advento da República Islâmica, viesse o fim do cristianismo no Irã.
Mas não foi isso que aconteceu.
Hoje, o cristianismo está crescendo mais rapidamente no Irã do que em qualquer outro país do mundo e tem sido identificada como a Igreja mais madura de seu tipo no mundo. Como pode ser isso?
A primeira e mais importante razão é que servimos a um Deus soberano. “Nos céus, estabeleceu o Senhor o seu trono, e o seu reino domina sobre tudo” (Salmos 103:19). Deus deu toda a autoridade a Seu Filho, Jesus: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28:18). Desde a Revolução Islâmica, acredita-se que o número de cristãos no Irã tenha aumentado para quase um milhão, ou 1,5% da população. O que aconteceu ali mostrou ao mundo que as portas do inferno não poderiam prevalecer contra a Igreja de Deus. Sim, o povo do Irã sofreu muito após a Revolução. Os cristãos também sofreram: pastores foram martirizados, a Igreja passou à clandestinidade e muitos fugiram do país. Mas se somos estudantes da Bíblia, não ignoramos que Jesus nos ensinou a esperar que viéssemos a sofrer por Sua causa.
Nós, dentre todas as pessoas, devemos ser as que entendem melhor que Deus escolheu usar os problemas como um meio para fazer avançar Seu Reino. Em Atos 8, Deus permitiu que a perseguição chegasse à Igreja para que os discípulos O obedecessem; para que se dispersassem e cumprissem a Grande Comissão. Os crentes no Afeganistão enfrentam agora tempos incrivelmente difíceis. Alguns deles já se tornaram mártires por causa de nosso Senhor Jesus, e outros enfrentam perseguição. Mas devemos colocar nosso rosto voltado para Jesus e confiar em sua fidelidade. Devemos abraçar a verdade bíblica de que Deus fará avançar Seu Reino no Afeganistão por maneiras que não podemos sequer imaginar neste momento.
O sofrimento também purifica a Igreja. Encoraja os verdadeiros crentes, pois eles estão de joelhos dia e noite. Traz unidade entre os que vivem no fogo. No Irã, vimos pela primeira vez os cristãos deixarem de lado suas diferenças e começarem a se reunir para momentos de oração. Também traz unidade com a Igreja global, como estamos presenciando atualmente, na medida em que surgem reuniões especiais de oração pelo Afeganistão em todo o mundo.
Enquanto oramos por proteção, paz e liberdade no Afeganistão, devemos também manter os olhos abertos para ver as maneiras pelas quais a glória de Deus brilhará para que todo o mundo a veja. Porque, observe, Deus revela Sua glória no meio do sofrimento. Seu caráter e seu poder brilham. “Quando passares pelas águas, eu serei contigo; quando, pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. Porque eu sou o Senhor, teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador” (Isaías 43:2-3).
Deus está conosco e se manifesta fielmente de forma milagrosa em tempos de perseguição. Volte um pouco e leia o livro de Daniel. Escute os crentes do Irã contarem sobre os sonhos que tiveram de Jesus e a proteção que Ele lhes deu. Um de meus amigos passou várias semanas na prisão no Irã porque estava testemunhando a não-cristãos e foi pego. Escreveu que aqueles dias na prisão foram os melhores de sua vida. Sabia que não era porque a comida fosse boa. Não, ele me disse que nunca havia sentido a presença de Jesus de forma tão doce.
Ore por nossos irmãos e irmãs no Afeganistão para que também experimentem a doce presença de Jesus e Sua proteção. A glória de Deus também brilha através da transformação que o sofrimento traz. No Irã, os viciados em drogas estão vindo para Cristo, ex-partidários da linha dura do regime estão vindo para Cristo, e Deus está mudando radicalmente as pessoas na medida em que Ele as conduz através do fogo.
Eu vejo isso. Vejo o que Deus está fazendo. E os exorto a orar fervorosamente, a doar financeiramente para ministérios que glorificarão a Deus e a abrir seu coração aos refugiados afegãos quando eles vierem à sua cidade. Eu quero ser parte da obra de Deus. Espero que vocês também.
O reverendo Tat e Patty Stewart têm ministrado a falantes do persa em todo o mundo durante os últimos 40 anos. Tat é um dos fundadores de SAT-7 PARS, além de ser professor de treinamento online sobre discipulado cristão. É redator chefe da revista Shaban, cujo objetivo é oferecer orientação teológica e pastoral à igreja persa emergente.
Fonte: SAT-7