Entenda como os filhos de cristãos são afetados pela hostilidade nos países da Lista Mundial de Perseguição 2021.
A Convenção dos Direitos da Criança foi criada para proteger as crianças e garantir que seus direitos sejam cumpridos. Entretanto, apesar de seus vários tratados, assinados em diferentes países ao redor do mundo, há muitas crianças em situação de vulnerabilidade. Quando elas estão inseridas em uma minoria religiosa, como o cristianismo, enfrentam perseguição. Sobre isso, o departamento de pesquisas de Portas Abertas realizou um estudo para entender como os pequenos seguidores de Jesus enfrentam a perseguição.
Quais são as consequências da perseguição religiosa para as crianças
As crianças são direta e indiretamente afetadas por discriminação religiosa, assédio e intolerância. Tudo depende se são meninos ou meninas e onde vivem. Isto tem um sério impacto em toda a vida delas. As pesquisas mostram que as crianças são indiretamente afetadas pela opressão de seus pais e membros da família. A prisão, a viuvez, o divórcio forçado e a negação da guarda dos filhos levam à separação das crianças de seus pais cristãos. Isto é traumático para elas e também tem efeitos prejudiciais a longo prazo. A discriminação contra famílias e comunidades cristãs afeta também o acesso das crianças a cuidados de saúde e a suprimentos básicos, como alimentos e água.
Restringir as atividades das igrejas e dos pais cristãos leva à discriminação contra as crianças e as priva de aprender mais sobre Jesus. Sem acesso ao apoio da comunidade, meninos e meninas cristãos podem enfrentar sozinhos as pressões da intolerância ou de rejeição da comunidade. Por exemplo, na China, crianças menores de 18 anos estão proibidas de frequentar cultos religiosos ou receber qualquer educação religiosa.
As crianças cristãs também enfrentam perseguição no contexto escolar. O assédio por parte de colegas e professores é habitual. Em alguns contextos, é negado a elas o acesso a escolas e faculdades. Nos lugares mais hostis ao cristianismo, as crianças são examinadas na escola para se têm qualquer indício de afiliação religiosa, conforme sancionado pelo Estado, como na Coréia do Norte. Em outros, elas são obrigadas a participar de ensinamentos e rituais da religião majoritária. No Iêmen, por exemplo, o currículo escolar é altamente islamizado, e as crianças podem ser pressionadas a fazer orações islâmicas.
Quando os adolescentes exercem o direito de se identificar como cristãos, também correm o risco de ser assediados verbalmente, de forma direta, por colegas, professores, membros da comunidade e até mesmo por membros de suas próprias famílias. Na Índia, a crescente influência do nacionalismo extremista hinduísta é um dos principais motores deste assédio. Isto pode levar a agressões físicas e sexuais, sendo estas últimas particularmente frequentes no caso de meninas. As meninas também correm um risco particular de ser sequestradas, geralmente para tráfico e casamento forçado. Os garotos costumam ser mais vulneráveis a outros tipos de violência física.
Qual é o impacto da perseguição infantil no futuro da Igreja perseguida?
Registrar o nascimento de um filho é uma ação habitual para pais de todo o mundo. No entanto, para os pais cristãos, este ato pode estar carregado de dificuldades. Podem se ver obrigados a registrar a criança na religião majoritária. Esta é a discriminação que sofrem em nome de seus filhos, mas essas crianças serão afetadas durante toda sua vida.
Por exemplo, quando uma menina sofre violência sexual por causa de sua identidade cristã, se produz o trauma imediato da violência e da vergonha associada a ela na família. Além disso, o trauma também pode afetar as possibilidades futuras de casamento e emprego. Cristãos de todo o mundo se encontram, com frequência, em ciclos de pobreza devido às limitações na educação e à associação da vergonha e estigma.
Isto significa que as igrejas estão compostas por alguns dos membros mais vulneráveis, aqueles cuja sobrevivência e crescimento nesta comunidade religiosa determinará em grande parte a longevidade dessa comunidade onde residem atualmente.
Quando as crianças são afastadas da igreja mediante sequestro, separação familiar, tráfico de pessoas, conversão e casamento forçado, também se interrompe a difusão do evangelho aos menores, negando o direito de criar a geração seguinte de cristãos para que se converta em uma comunidade de fé estável no futuro.
Fonte: Portas Abertas