Por David Burnette
Segundo o Joshua Project, atualmente há 7.410 grupos étnicos não alcançados no mundo. Com certeza, esse número pode mudar, dependendo de como se define o que significa ser não alcançado e quantos grupos de pessoas se acredita que existam. Mas, independentemente de seu ponto de vista sobre estes assuntos, é inegável que ainda há muitos grupos de pessoas no mundo com pouco ou nenhum acesso ao evangelho. Se a missão da igreja é “fazer discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19), então isso nos deveria motivar a nos perguntarmos: que barreiras existem para o acesso ao evangelho?
Para ser claro, não me refiro às barreiras que não se veem, incluídas as forças espirituais que operam no mundo. Satanás “cegou o entendimento dos incrédulos” (2 Coríntios 4:4), e o pecado é a razão fundamental pela qual todas as pessoas não conhecem nem glorificam a Deus. Ao contrário, me refiro às barreiras que dificultam aos missionários (e crentes de culturas próximas) fazer discípulos e plantar igrejas entre povos e lugares não alcançados. Listei algumas dessas barreiras a seguir, embora a lista não seja conclusiva e nem esteja em qualquer sequência em particular. No entanto, a identificação dessas barreiras pode ajudar as igrejas a pensar sábia e estrategicamente sobre como chegar aos lugares mais difíceis de se alcançar.
1. Perseguição e oposição
Embora seja certo que Cristo tem edificado Sua igreja em meio à perseguição e à oposição por quase dois mil anos (ver o livro de Atos), isso não significa que a perseguição não seja uma barreira significativa para o acesso ao evangelho. Afinal, a perseguição extrema quase dizimou a igreja em certas regiões por longos períodos de tempo. Não é uma coincidência, portanto, que grupos de pessoas que sofrem perseguição extrema por causa do evangelho, seja por parte da família, de amigos, da comunidade ou do governo, muitas vezes têm pouco ou nenhum acesso ao evangelho. Veem-me à mente grupos de pessoas no Iêmen, no Afeganistão e na Coréia do Norte. Os missionários nesses países se veem obrigados a pensar em maneiras criativas de entrar no país e compartilhar o evangelho, mantendo-se discretos.
2. Isolamento geográfico
Alguns povos e locais são de difícil acesso porque estão geograficamente isolados. Desertos, cadeias de montanhas, ilhas, extensões de terras desabitadas etc., se interpõem entre eles e os cristãos mais próximos. É preciso muito tempo, esforço e, muitas vezes, desconforto só para chegar a essas pessoas. Tentativas de compartilhar recursos por meio de rádio, internet ou televisão também podem ser difíceis devido ao isolamento geográfico. Infelizmente, aqueles grupos de pessoas que estão isolados ao extremo podem simplesmente permanecer desconhecidos até que alguém ponha o foco de atenção em suas necessidades.
3. Guerra e distúrbios
Não nos deveria surpreender que as guerras, a violência e os distúrbios políticos dificultem que os missionários façam discípulos, ou inclusive vivam, em certos lugares. É claro que Deus pode usar uma realidade dolorosa como a guerra para fazer com que as pessoas reflitam sobre sua morte e olhem para Ele em busca de esperança. Contudo, a longo prazo, é mais difícil conduzir o trabalho lento e constante de fazer discípulos e plantar iglesias quando se está preocupado que as balas voem. A violência e a instabilidade numa região podem ser uma barreira importante para igrejas prósperas e saudáveis.
4. Pobreza extrema
As dificuldades físicas relacionadas à pobreza também representam barreiras importantes para a difusão do evangelho. Se um grupo étnico tem dificuldades para sobreviver devido à falta de alimentos, água potável, medicamentos básicos etc., os missionários que não têm um sistema de apoio familiar ou pessoal também terão dificuldades para ministrar nesse contexto. O poder de Deus não depende do dinheiro da igreja, mas a fome e as enfermidades podem dificultar que a obra do evangelho prospere.
5. Falta de voz
Por último, devido a uma (ou mais) das barreiras listadas acima, a maioria das igrejas desconhece os esforços para fazer discípulos, que já estão em andamento entre os lugares mais difíceis de alcançar. Por exemplo, missionários em países altamente perseguidos podem não ser capazes de fazer pedidos de apoio devido à vigilância do governo. Ou, em lugares de extrema pobreza, o envio de boletins informativos frequentes a potenciais amigos pode ser um verdadeiro desafio. Para aqueles que servem em áreas geograficamente isoladas, trazer uma equipe de curto prazo de sua igreja local pode ser extremamente difícil. Em todos estes casos (e muitos mais), os missionários não conseguem destacar seu trabalho e tornar suas necessidades conhecidas. Como resultado, menos recursos podem ser dados e menos obreiros podem ser enviados.
Esta última barreira é uma das razões do trabalho da Urgent – Radical entre os não alcançados, na medida em que “identificamos e nos unimos aos crentes locais que estão fazendo discípulos e multiplicando igrejas de maneiras que sejam biblicamente fiéis e eficazes na prática entre as pessoas e locais mais difíceis de se alcançar no mundo”. A Urgent conecta igrejas e indivíduos a esta obra evangélica crítica e muitas vezes desconhecida.
Depois de ver todas as barreiras listadas acima, é fácil desanimar ou pensar que os desafios são grandes demais. É por isso que devemos nos lembrar que é Deus quem deve finalmente transpor estas barreiras. Ele é soberano sobre as barreiras físicas e espirituais, “havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação” (Atos 17:26).
Também devemos lembrar que Deus nos disse que esperássemos dificuldades físicas e sofrimento enquanto o evangelho fosse proclamado. O apóstolo Paulo disse que “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Timóteo 3:12). O próprio Cristo disse a seus discípulos: “Então, sereis atribulados, e vos matarão. Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome” (Mateus 24:9). Mas Jesus também prometeu edificar Sua igreja e nenhuma barreira ao evangelho, nem mesmo as portas do inferno, prevaleceria contra ela (Mateus 16:18).
David Burnette atua como editor chefe da Radical. Vive com sua esposa e três filhos em Birmingham, Alabama, e serve como Presbítero na Igreja Batista da Filadélfia. Recebeu seu Ph.D. do Seminário Teológico Batista do Sul.
Fonte: Radical